Burnout e Estresse

A sensação de esmagamento pelo excesso de tarefas por cumprir tem mobilizado muitas pessoas a procurarem uma análise. São tantas as preocupações do dia a dia, as dificuldades da vida urbana, a infinidade de informações com que os meios de comunicação nos inundam e as demandas exigidas nos espaços de trabalho, que todas as obrigações de uma jornada não parecem, nem de longe, caber em vinte e quatro horas.

Inicialmente com a expectativa de reconhecimento profissional, dedicando-se para além da força total, pessoas inseridas em ambientes empresariais – sobretudo os corporativos – vêm se percebendo cada vez mais extenuadas. O esgotamento chega a dar sinais físicos em sintomas como a aceleração, a dificuldade de atenção e concentração, a irritabilidade, a insônia, a fadiga, dentre muitos outros.

Enquanto o “estresse” – termo vindo do inglês e que significa “tensionar” – consiste em uma reação momentânea a situações demandantes ou mais arriscadas, e que se atenua na medida em que o perigo pontual se afasta, a palavra inglesa “burnout” dá a ideia de algo que se queima completamente – como uma espécie de entrada em curto-circuito. Nesse segundo caso, os efeitos são tanto mais impactantes, acarretando por vezes no afastamento profissional.

O “burnout” é uma forma de sofrimento muito característica de nosso contexto neoliberal, em que as relações de trabalho são cada vez mais precarizadas e pautadas em dinâmicas exploratórias. Em uma psicanálise, é fundamental que ocorra não só uma percepção nítida do contexto circundante, mas também uma sensibilização para a maneira subjetiva com que a pessoa se vê a esse vinculada.

Alguma situação de trabalho já lhe pareceu descabida? Houve um ou mais campos da sua vida que já foram invadidos por demandas abusivas do ambiente de trabalho? Você já chegou a se culpabilizar quando algo que estava além de suas responsabilidades na empresa não andou bem? Perguntas como essas podem fazer parte de um início de análise em circunstâncias assim.